Programa governamental promove descontos em veículos novos, influenciando também os preços dos seminovos e usados.
O programa lançado pelo governo federal para reduzir o preço dos automóveis no Brasil tem gerado discussões sobre o impacto nas vendas de carros usados. As medidas visam tornar o carro mais barato por meio da redução dos preços de veículos novos e incentivos à renovação da frota de carros, caminhões e ônibus. No entanto, surgem questionamentos sobre como essa mudança nos preços afetará o mercado de veículos usados.
As ações propostas pelo governo têm um efeito mais imediato nos carros populares, mas espera-se que a redução de preços também atinja os carros usados. Especialistas do setor apontam que a medida pode gerar um efeito dominó, influenciando os preços dos seminovos e, consequentemente, dos usados.
A Federação dos Vendedores de Veículos Usados (Fenauto) levanta algumas questões em relação à proposta do governo, que podem anular seus efeitos nos preços tanto dos seminovos quanto dos usados. A previsão é de descontos que variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil, a serem abatidos diretamente do valor final do veículo.
O programa destina um total de R$ 1,5 bilhão para esses descontos. Segundo o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, os critérios para definição dos valores levarão em conta a eficiência energética, o preço do veículo e o conteúdo nacional dos componentes na fabricação.
A expectativa é que, com a redução dos preços dos carros novos, haja uma pressão sobre os carros usados, fazendo com que seus preços também diminuam. No entanto, a efetividade dessa medida dependerá do entendimento geral do mercado em relação às mudanças.
Saint Clair de Castro Jr., CEO da Mobiauto, acredita que os reflexos nos preços dos seminovos e usados podem ser rápidos se houver um consenso no mercado sobre a medida. Ele ressalta que os preços dos veículos novos precisam começar a cair para que esse efeito se estenda a todo o mercado automotivo.
Além dos descontos nos carros novos, o governo também prevê subsídios para a compra de caminhões e ônibus mais ecológicos. A ideia é incentivar a troca de veículos antigos e poluentes por modelos mais eficientes, seguindo o padrão conhecido como Euro 6.
Para o setor de seguros de autos, a retomada dos carros populares é vista com bons olhos. Marcelo Sebastião, presidente da comissão de auto da FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais), destaca que qualquer ação que estimule as vendas no setor automotivo, como crédito com juros mais baixos e preços mais acessíveis, contribui para a economia na totalidade, incluindo o mercado de seguros de automóvel.
Alguns especialistas acreditam que, no curto prazo, os preços dos carros usados podem sofrer uma desvalorização devido à redução nos preços dos carros novos. Isso ocorre porque os consumidores podem preferir adquirir veículos zero quilômetros, aproveitando os descontos e incentivos oferecidos pelo governo. Com uma maior demanda por carros novos, a oferta de carros usados pode aumentar, o que pode levar a uma queda nos preços.
Em resumo, embora as medidas do governo para reduzir os preços dos carros novos e incentivar a renovação da frota possam ter algum impacto nos preços dos carros usados, é difícil prever a magnitude dessa influência. Os efeitos dependerão da dinâmica do mercado, da oferta e demanda e de outros fatores específicos relacionados aos carros usados.